Wednesday, December 23, 2009

Mensagem de Natal de 2009

Deito-me em minha cama pensando o que escrever aos amigos nesta véspera de Natal. Sentada ao meu lado, minha cadela de estimação contempla atenta, pela janela do quarto, as árvores que dançam ao sabor do vento num dos raros dias com céu azul e sol na cidade de São Paulo. Dificil para mim, não questionar o que se passa em sua cabeça neste momento de pausa. Schopenhauer diria o quão mais feliz ela é por sua felicidade depender apenas da alegria de seu pensamento corrente, já que passado, futuro, e os mistérios da existência pouco representam na vida de um cachorro.



Questiono-me então se não seria mais inteligente abolir todas minhas crenças e dúvidas, vivendo meus dias de forma totalmente pragmática, no melhor estilo “Carpe Diem”. Alguns amigos céticos diriam que sim. Vão além, dizem que crenças religiosas, como por exemplo o Natal, nada mais são do que invenções do homem para suprir suas fraquezas e necessidades. Tem a seu favor evidências históricas e científicas, impossivel negar. Baseados em fatos, negam não só a lógica religiosa, mais tambem a de instiuições aparentemente inquestionáveis, como por exemplo a família. Para estes este conceito só surgiu entre nós homens pela necessidade de sucessão de bens, da propriedade, e por isto somos diferentes dos outros animais.



Forço-me então a abolir todos meus conceitos e crenças. Aceito, por alguns instantes que Deus nada mais é do que uma peça que preenche o que não posso explicar. Que o amor que sinto por minha familia é muito mais fruto de condicionamento do que um sentimento nobre. Que as vezes nas quais acreditei estar sendo guiado pela providência divina, nada mais foram que grandes coincidências estatísticas. Que antes de nascer não era nada, e depois da morte nada serei. Resta-me então isso: nada. Só que assustadoramente resta-me nada em vida, o que equivale a abraçar desde já a morte.



Escolho então a vida. Prefiro o rótulo da ingenuidade. Acreditar no amor, mesmo que por instantes ele cegue a lógica. Louvar a Deus, mesmo sem conseguir arranhar a superficie do misterio de Sua existencia. Entender a familia como uma instituição sagrada, e aceitar meus amigos como parte desta familia. Duvidar que tenhamos vindo do nada, e supor a cada momento para onde iremos depois dessa divertida caminhada da vida. Olhar para os céus e imaginar o que existe alem daquilo que posso observar. Sonhar, sofrer, vibrar, ousar, amar, VIVER.



No ano que nasce, desejo a meus amigos que abracem os mistérios da vida, e mesmo que taxados de ingênuos sejam um pouco menos céticos. O conhecimento se constrói sobre os alicerces da dúvida, e o amor só existe verdadeiramente sob o manto da entrega. Que possam todos eles, viver deliciosamente seus mistérios, rir daquilo que não compreendem, e entregarem-se aquilo que verdadeiramente amam. Se nada disso for verdade e os céticos estiverem certos, pelo menos terão vivido uma vida bem mais divertida e interessante. E no fim, o que vale não é estar certo, e sim ser feliz. Amo todos voces.



Feliz Natal e um prospero ano novo

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